Leo na Mídia: Portal Conteúdo Aberto – Qual seu projeto de vida para os seus educadores?

Em seu novo artigo no Portal Conteúdo Aberto da @ftdeducacao, Prof. Leo Fraiman faz uma linda reflexão sobre o seu projeto de vida para os seus educadores.

Leo destaca que “Vivemos hoje um mundo cada vez mais exigente, com famílias cada vez mais demandantes, estudantes com questões sociais e emocionais cada vez mais frágeis, então não é possível educarmos os estudantes de hoje com as mesmas ferramentas de 5, 10 ou 20 anos atrás.”

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Efeitos golem e pigmaleão: nosso poder sobre o desempenho escolar dos alunos

Nos anos 1960, o psicólogo americano Bob Rosenthal descobriu que a expectativa dos professores pode influenciar os alunos e afetar sua performance na escola. Ele chamou essa descoberta de efeito pigmaleão, em referência ao mito grego do escultor Pigmaleão, que gostou tanto de uma de suas estátuas que os deuses deram vida a ela.

O fenômeno é semelhante ao efeito placebo, quando um paciente melhora de um sintoma físico, ou se cura, sem que tenha tomado um fármaco com eficácia comprovada – ele se cura a partir da sua crença de estar sendo curado. Mas, no caso do efeito pigmaleão, a convicção beneficia o outro, em vez de o autor da certeza.

Ao longo dos anos, a descoberta foi testada em centenas de estudos no exército, em universidades, nos tribunais, em famílias, em casas de repouso e em empresas, conforme elenca o livro “Humanidade – uma história otimista do homem”, de Rutger Bregman. O autor reforça como altas expectativas podem ser uma ferramenta poderosa que, usada por administradores, por exemplo, leva funcionários a terem melhor performance.

E o contrário, por sua vez, também é verdadeiro. O chamado efeito golem, o de ter expectativas negativas em relação a alguém, está relacionado à lenda judaica de um golem – criatura feita de barro, que ganha vida. Criado para proteger os cidadãos judeus de um gueto de Praga, na República Tcheca, o ser mítico acaba se transformando em um monstro.

Menos estudado pela comunidade científica do que o pigmaleão, o efeito golem “faz maus alunos ficarem ainda mais atrasados, pessoas em situação de rua perderem as esperanças e adolescentes marginalizados se radicalizarem”, escreve Bregman. Ele também relaciona seus malefícios às consequências do racismo sobre as populações não brancas, sujeitas a baixas expectativas e, por isso, têm seu desempenho prejudicado.

Décadas depois da formulação dessas teorias, o resultado desses fenômenos pode ser observado em nossas próprias vidas e nas de nossos conhecidos. Basta pensar nas atividades e nas matérias escolares em que se foi incentivado ou elogiado, ou no que os adultos diziam sobre sua inteligência e sua capacidade dentro e fora da escola. 

Além do posicionamento e da expectativa dos professores e cuidadores, existem muitos outros fatores biopsicossociais implicados no rendimento escolar. Ou seja, estão envolvidos nessa equação desde a genética e os aspectos biológicos e psicológicos, até os contextos sociais e ambientais nos quais o jovem está inserido e aos quais está exposto.

Assim, o professor não é responsável inteiramente pela aprendizagem dos alunos. Mas é um personagem fundamental, para além da didática, como mostram os efeitos golem e o pigmaleão. Sabemos que somos seres sociais, que nos espelhamos uns nos outros e precisamos ser aceitos pelo bando para garantir a sobrevivência.

Então, além de investir em aulas ricas, didáticas e envolventes, também é importante considerar: qual é o impacto das nossas expectativas sobre os alunos? Quais tendências estamos incentivando: o efeito golem, ou o pigmaleão?

Texto: Marcela Braz.

Como ser um educador antirracista?

Para responder a pergunta do título deste post, trazemos alguns pontos importantes do livro homônimo de Bárbara Carine, mestra e doutora em Ensino de Química, idealizadora, sócia e consultora pedagógica da Maria Felipa, primeira escola afro-brasileira do país. A obra propõe práticas antirracistas tanto nas ações pedagógicas como na formação dos educadores, assunto com o qual Bárbara tem mais de 12 anos de experiência de atuação.

A professora, escritora e empresária nos convida a sermos sementes de transformação social. “A escola é um complexo social fundamental no processo de transformação da realidade social; ela é influenciada pelo sistema, ao passo que, em contrapartida, também o influencia, uma vez que forma pessoas que vão ocupar e ajudar a construir todas as demais instâncias sociais”, explica ela no livro. Por isso, a escola precisa ser uma aliada no enfrentamento das opressões estruturais, como o racismo.

Assim, na primeira parte de “Como ser um educador antirracista”, ela explica as estruturas racistas sob as quais fomos todos criados, como funciona o privilégio branco, o que é a branquitude e a importância de sermos antirracistas, mais do que não sermos racistas. E o primeiro passoé reconhecer o mito da democracia racial brasileira e nos colocarmos nesse papel ativo, humilde, de aprender e melhorar.

Bárbara lembra que racismo é crime e está previsto na Lei n. 7.716/1989, que inclui ofensas baseadas em “raça”, etnia, religião ou origem. Nesse contexto, xingar alguém de “macaco”, “betume”, ou “asfalto”, por exemplo, não é bullying, é injúria racial, outro crime previsto na Lei n. 14.532/2023. 

Por isso, a escola precisa pensar em como lidar com esses casos compreendendo os aspectos estruturais envolvidos. Não adianta fazer com que a criança ofensora, que disse algo racista a outra, peça desculpas para a outra e encerre o assunto ali. Segundo a autora, a questão é mais complexa.


Aspectos para se pensar

O ambiente escolar precisa levar em consideração vários quesitos. O currículo inclui a história negra de mais de 300 mil anos, que não começou com a escravidão nas Américas? Há representação de pessoas negras nas literaturas utilizadas? Na estética da escola – paredes, outdoors, placas, panfletos – há pessoas negras? Elas estão no corpo profissional escolar, em cargos de direção, coordenação, administração?

Além disso, a escola precisa investir no letramento racial de educadores, ou seja, assumir um compromisso continuado para que todas as pessoas que ali atuam, não apenas os professores, aprendam como as relações raciais estão postas em nossa sociedade e consigam desconstruir esses modelos internos e ter ações mais responsáveis.


A força do projeto pedagógico

Para formar pessoas com um entendimento social e cultural mais completo, a Escola Maria Felipa inclui nas práticas pedagógicas as relações étnico-raciais. Por exemplo, ensina as crianças sobre as potências da cultura afro-brasileira, como capoeira, maculelê, samba, culinária ancestral (feijoada, acarajé), mitologia de orixá e aritmética com base em artefatos matemáticos africanos. Bem como o aprendizado sobre formas geométricas baseado em tranças nagô e papiros e fractais africanos.O livro apresenta muitos outros exemplos de como enriquecer o currículo escolar com essas informações valiosas. Isso cumpre com os requisitos da legislação, que obriga o ensino de cultura e história africana e afro-brasileira em toda a extensão curricular da educação básica, bem como ajuda a construir a fundação para as práticas antirracistas, desde a formação dos educadores, até a das crianças.

Além disso, a empresária salienta a necessidade de valorizarmos e celebrarmos a diversidade para enfrentar o problema da evasão escolar e ter um olhar decolonial para as datas comemorativas, incluindo dias voltados para questões afro-brasileiras.


O que podemos fazer hoje?

Bárbara aponta alguns caminhos:

  • ao receber alguma piada racista, ao vivo, ou em alguma rede social, seja um veículo de denúncia e conscientização;
  • sugira a contratação de pessoas negras onde você trabalha, principalmente em cargos de poder;
  • na construção curricular, paute os conhecimentos ancestrais africanos e indígenas fora de um lugar de estereotipagem e rebaixamento;
  • represente graficamente pessoas negras e indígenas na estética da escola a partir de uma perspectiva positiva;
  • fomente a leitura de literatura negra e indígena nas proposições didáticas escolares;
  • organize na escola programas de formação de educadores com foco no letramento racial;
  • apresente intelectuais e personalidades negras e indígenas aos estudantes, com o objetivo de ressignificar a noção de humanidade e inteligência atual, que é excludente e racista.

Com esse novo olhar e novas práticas, sejamos todos construtores de uma sociedade efetivamente democrática, que inclua e represente a maioria quantitativa populacional brasileira, que é negra. Cada leitura, cada semente, cada comentário faz a diferença. Nosso impacto no mundo é relevante e podemos usá-lo para construir o tecido social que queremos deixar para as próximas gerações.

Texto: Marcela Braz.

Leo na Mídia: Portal Conteúdo Aberto – Os tempos da vida

Em seu novo artigo no Portal Conteúdo Aberto da @ftdeducacao, Prof. Leo Fraiman faz uma linda reflexão sobre os tempos da vida.

Leo destaca que “existem muitos tempos e muitos relógios dentro de nós e de nossas mentes, em nossos corações, em nossas almas. Aprender que não vivemos no cronológico e sim no tempo lógico, no tempo simbólico, no tempo significativo de nossas próprias vidas é um ingrediente fundamental para o autoconhecimento”.

Confira o artigo AQUI!

Participe do 3º Estudo OPEE Educadores Brasileiros 2024: a importância da construção do Projeto de Vida na escola

Convidamos os educadores brasileiros para participar do “3º Estudo OPEE Educadores Brasileiros 2024: a importância da construção do Projeto de Vida na escola” que é um importante mapeamento do perfil atual dos educadores de escolas públicas e privadas, de todos os estados brasileiros, realizado pela Metodologia OPEE/ FTD Educação, pelo terceiro ano consecutivo.

Sua participação será anônima e levará menos de 5 minutos. Basta responder o questionário pelo link ou QR Code abaixo:

https://pt.surveymonkey.com/r/3EstudoOPEE


 

Sobre o Estudo OPEE Educadores Brasileiros

Pelo terceiro ano consecutivo a OPEE Educação aplica o “Estudo OPEE Educadores Brasileiros”, que tem como objetivo mapear o cenário pedagógico e escolar brasileiro nos últimos 12 meses, contando com a participação de escolas das áreas pública e privada, de todas as regiões do país. 

Em 2022 o foco principal do estudo foi ouvir os educadores quando as aulas presenciais tinham retornado, avaliar sua motivação e entender os reflexos da pandemia de Covid 2019 na educação. Otimismo e propósito foram as principais palavras associadas aos depoimentos dos professores e gestores brasileiros. 

Já em 2023, além de fazer uma análise comparativa da motivação e do propósito dos educadores em relação ao ano anterior, o estudo buscou compreender a percepção desses educadores em relação à educação na era digital. O resultado apontou que a maioria considera como desfavoráveis as consequências da tecnologia no progresso de crianças e adolescentes, por esses estarem usando excessivamente as telas sem acompanhamento familiar. Vale também destacar que mais de 80% desses educadores considerou que a prática do bullying e o cyberbullying são favorecidas pela tecnologia.

Agora em 2024 estamos lançando o 3º Estudo OPEE Educadores Brasileiros 2024: “A importância da construção do Projeto de Vida na escola”, que mantém a análise evolutiva em relação à motivação e ao propósito dos educadores ao longo dos anos, mas traz como foco principal avaliar como esses educadores enxergam a importância do desenvolvimento do Projeto de Vida dos alunos.

A METODOLOGIA OPEE ESTÁ CONCORRENDO AO PRÊMIO TOP EDUCAÇAO 2024!

A Metodologia OPEE está concorrendo ao Prêmio Top Educação 2024 como melhor programa de educação socioemocional.

O prêmio reconhece, anualmente, as marcas mais lembradas entre as empresas que atuam na área de educação. 

Contamos com seu voto para que a Metodologia OPEE conquiste o Prêmio Top Educação 2024 como melhor programa de educação socioemocional.


Para votar na OPEE é muito simples e rápido:

  • Acesse o site premiotopeducacao.com.br e faça um breve cadastro (link)
  • Selecione a categoria Programa de Educação Socioemocional.
  • Escolha a OPEE.
  • Cada CPF pode votar apenas uma vez por categoria.
  • A votação estará aberta até 20 de agosto de 2024.

A Metodologia OPEE é pioneira e líder de vendas no mercado socioemocional, atuando há mais de 23 anos nas escolas do Brasil. Hoje são mais de 1.500 escolas parceiras em 26 estados brasileiros e em mais de 600 cidades.

Somos a única metodologia de transformação social apresentada como case de sucesso em Genebra na sede da ONU.

Vamos juntos conquistar esse prêmio! Vote agora pelo link: https://premiotopeducacao.com.br/

Visite o site da OPEE Educação e acompanhe nossas redes sociais! 

 

  • Site: opee.com.br
  • Instagram: @opee_educacao
  • Facebook: OPEE Educação
  • Youtube: /Metodologiaopee
  • APP Escola para Pais: Android | iOS

Iniciativas do documentário “Quem Se Importa” para conhecer e acompanhar

A equipe OPEE está em constante atualização: estudamos, lemos livros e consumimos produções culturais alinhadas ao nosso trabalho de construtores de um mundo melhor. Em um dos nossos encontros, assistimos ao documentário “Quem Se Importa”, para nos inspirarmos com as iniciativas de 18 empreendedores sociais ao redor do mundo.

O longa da cineasta Mara Mourão, filmado em sete países e narrado por Rodrigo Santoro, desperta o ser transformador que reside em cada um de nós, capaz de mudar sua comunidade para melhor. Ideia totalmente alinhada à Metodologia OPEE, não?

Assim, para espalharmos essas sementes, compartilhamos a seguir os empreendimentos brasileiros retratados no filme. São projetos inspiradores que, além de nos motivar e nos dar ideias, podem ser apoiados por nós.

 


  • Doutores da Alegria

Fundada em 1991 por Wellington Nogueira, a famosa ONG introduziu a arte da palhaçaria no universo da saúde, intervindo junto a crianças, adolescentes e outros públicos em situação de vulnerabilidade e risco social em hospitais públicos. Já foram realizadas mais de 2 milhões de intervenções com o programa Palhaços em Hospitais.

No Rio de Janeiro, o projeto Plateias Hospitalares faz a curadoria de uma programação artística permanente e gratuita em sete hospitais públicos, que inclui teatro, música, dança, circo e poesia. Outra iniciativa é a Escola dos Doutores da Alegria, que prepara estudantes e artistas para intervir em palcos diversos e improváveis com a máscara do palhaço.

“O que uma empresa pode aprender com uma ONG? O que uma ONG pode aprender com uma empresa? E, nesse processo, será que é possível a gente buscar uma convergência e justamente criar um novo modelo de gestão? Um novo modelo de empresa que nasce socialmente responsável e só é bem-sucedido porque todo o seu entorno é bem-sucedido também?”, questiona Nogueira no filme.

 


  • Instituto Dara

Ainda conhecido como Saúde Criança no filme, o Instituto Dara trabalha para reestruturar e promover o autossustento de famílias vulneráveis. Uma vez que a pobreza é multidimensional, o objetivo é abordar, simultaneamente e de maneira integrada, diversas áreas do desenvolvimento humano por meio da metodologia social Plano de Ação Familiar (PAF), desenhado de acordo com as necessidades de cada família.

O PAF inclui ações nas áreas de saúde, moradia, geração de renda, cidadania e educação. E recebeu, em 2003, a certificação de Tecnologia Social da Fundação Banco do Brasil. “Quando a gente pensa em mudar o mundo, a gente sempre pensa em grandes milagres, em grandes somas de recursos, em novas tecnologias. Nós não precisamos disso”, diz no documentário Vera Cordeiro, presidente do Instituto Dara.

 


  • Saúde e Alegria

Desde 1987, o Saúde e Alegria atua em comunidades da Amazônia brasileira promovendo e apoiando processos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável, que contribuem para o aprimoramento das políticas públicas, a qualidade de vida e o exercício da cidadania das populações atendidas.

Os programas visam a organização social, os direitos humanos, a saúde, o saneamento, a geração de renda, a educação, a cultura, a comunicação e a inclusão digital de povos tradicionais extrativistas, organizados em comunidades de difícil acesso na zona rural, geralmente em situação de risco e exclusão social.

“Cada pequeno problema na comunidade é resultado de todos os fatores que envolvem aquela comunidade, desde os culturais, sociais, econômicos, históricos e de organização social. Então para você desenvolver uma comunidade, você precisa mexer com tudo”, explica Eugênio Scannavino, médico criador e coordenador do Saúde e Alegria.

 


  • Banco Palmas

O Banco Palmas implementa projetos de trabalho e geração de renda por meio de sistemas de economia solidária, em que todos são produtores, consumidores e atores sociais, com foco prioritário na superação da pobreza. Fundado em janeiro de 1998 pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras (ASMOCONP), no sul de Fortaleza, oferece cursos para a comunidade, apoia a economia local e projetos sociais, além de proporcionar empréstimos para comerciantes locais com juros baixos.

A iniciativa surgiu com a reurbanização do bairro Palmeiras, que trouxe asfalto, comércio e saneamento básico ao local, mas o avanço não foi acompanhado pela capacidade da população de se sustentar e pagar as contas básicas. Por isso, o teólogo Joaquim Melo resolveu criar mecanismos para manter o dinheiro da população no comércio local.

“A pobreza não é uma sentença. A pobreza não é uma dádiva de Deus, nem uma coisa que não tem jeito. Basta que nós possamos aqui produzir, consumir, vender, comercializar uns para os outros”, conta em “Quem se Importa?” Joaquim Melo, criador do Banco Palmas.

 


  • Renctas

Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres, a Renctas é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que luta pela conservação da biodiversidade em todo o Brasil por meio de parcerias com a iniciativa privada, o poder público e o terceiro setor. Foi fundada em 1999 pelo ambientalista Dener Giovanini, que recebeu, entre outros prêmios, o UNEP Sasakawa – mais importante e prestigiado prêmio ambiental do planeta – dado pela ONU em 2003.

“Qualquer um pode ser um empreendedor social. Não é uma benção divina. Você não toma um comprimido para virar um. Você simplesmente se conscientiza do seu poder de transformação”, diz Giovanini no longa.

 

Texto: Marcela Braz.

Como ministrar uma aula envolvente e vencer a dispersão dos alunos

Como ministrar uma aula envolvente e vencer a dispersão dos alunos

Manter o foco e a atenção nunca foi tão difícil. Vivemos em tempos acelerados, com excesso de telas e de estímulos, sendo processados por cérebros adaptados para uma vida de milhões de anos atrás.

As crianças e adolescentes ainda não têm o córtex pré-frontal totalmente desenvolvido, e é essa a parte do nosso sistema nervoso responsável por funções emocionais e cognitivas, dentre elas a atenção. Por essas e outras características do público infantojuvenil, vencer a dispersão dos alunos é um trabalho ativo.

Veja abaixo algumas sugestões do livro “Como ensinar bem a crianças e adolescentes de hoje”, de Leo Fraiman:

  • Estilo: é o modo como cada um se comunica, é sua marca registrada. Questione-se: esse estilo funciona? Quem me inspira como comunicador? Posso incorporar ou desenvolver algumas de suas características? Represento um bom modelo para meus alunos?
  • Gestos e expressões faciais: a comunicação não verbal pode falar mais alto do que as palavras. Os gestos reforçam o que está sendo dito, bem como o tom de voz. Dizer aos alunos que vão fazer uma atividade interessante, em um tom animado, faz toda a diferença. Ou seja, é muito importante alinhar o discurso a essa expressividade Além disso, manter o contato visual com os alunos e andar pela sala gera mais interatividade, e a tendência é a de nos sentirmos mais motivados a escutá-los. Apenas tome cuidado para não gesticular demais, ou ficar mexendo em um objeto, como uma caneta, por exemplo, para não desviar a atenção do que está sendo dito para esses movimentos.
  • Espontaneidade: a identificação com o outro nos deixa mais relaxados e com vontade de escutar o que está sendo dito. Isso nos permite rir, se algum aluno disser alguma coisa engraçada. Trazer algo de nossa humanidade, compartilhar quando estamos adoentados e precisamos de uma colaboração maior deles. Mostrar interesse em manter um bom clima em sala de aula estimula os alunos a se abrirem mais e a escutarem mais atentamente.
  • Ritmo e inflexão de voz: dão forma e elegância a nosso discurso. Esses elementos, ao lado do bom uso da pausa, dão a cadência da fala, tornando-a atraente e dando foco aos assuntos relevantes. Com ritmo e inflexão, organizamos a escuta de nosso aluno ao apontar quais são os pontos importantes do conteúdo, direcionando sua atenção.
  • Dicção: é a pronúncia correta e precisa das palavras, que facilita a compreensão daquilo que falamos e ajuda o aluno a fixar sua atenção. A esse respeito, é importante evitar empregar cacoetes em excesso, como “né”, “só”, “então”, “veja bem”, entre outros.
  • Respiração: quando não respiramos bem, terminamos o dia muito cansados e com a fala prejudicada. A respiração deve partir do abdômen, ou do diafragma, e ser profunda e silenciosa. Assim, ela produz uma voz rica em tonalidades, gera menos desgaste às cordas vocais e dá mais poder à fala. O ar deve ser inspirado pelo nariz e expirado pela boca.
  • Eloquência: que significa energia e motivação, exprime sentimentos, desejos e emoções. Treinar a eloquência é ter a capacidade de direcionar a emoção, algo indispensável para se falar em público. Ao falarmos, é necessário nos entusiasmar e transmitir honestidade para que nossos alunos sintam vontade de aprender o que estamos ensinando.
  • Improviso: é a capacidade de desenvolver uma ideia ou responder a perguntas que surgem no momento da fala, que não haviam sido planejadas. Para isso, é importante conhecer muito bem o tema a ser abordado na aula, assim como opiniões contrárias às suas. Então pesquise continuamente argumentos para um possível improviso.
  • Postura: coloque-se em uma postura corporal e facial aberta. Ou seja, inicie a aula com expressão agradável, sorrindo, em vez de com a cara fechada. Evite também entrar em sala e se dirigir diretamente à lousa, ou permanecer o tempo todo sentado. Isso pode dar a entender que não deseja estar ali, ou que não se está à vontade.

De maneira geral, é importante solicitar feedbacks dos nossos educandos continuamente sobre como eles estão processando os conteúdos. Começar a aula com a recapitulação do que foi aprendido na aula anterior, apresentar uma agenda com os temas a serem tratados ao longo das aulas e fazer uma retomada ao final da aula são outras estratégias que podemos aplicar para tornar nossos conteúdos mais envolventes e didáticos. Boa aula!

Texto: Marcela Braz.

Ranking mundial da felicidade: Brasil está um pouco mais feliz do que há 10 anos

Ranking mundial da felicidade: Brasil está um pouco mais feliz do que há 10 anos

O novo “World Happiness Report” (Relatório Mundial da Felicidade), divulgado no fim de março deste ano, mostra que os brasileiros estão um pouco mais felizes do que estavam por volta de 12 anos atrás. O estudo realizado entre 2006 e 2010, com mais de 140 países, colocou o Brasil no 49º lugar no ranking mundial de países mais felizes, enquanto os resultados mais recentes nos posicionam na 44a posição. 

No topo da lista, os três primeiros lugares são ocupados respectivamente por Finlândia, Dinamarca e Islândia. Já os Estados Unidos (este ano em 23º lugar) saíram do top 20 pela primeira vez desde a primeira publicação do relatório em 2012. Esse resultado foi impulsionado por uma grande queda no bem-estar dos americanos com menos de 30 anos. E o Afeganistão continua no último lugar da classificação geral, como a nação “mais infeliz” do mundo.

Fruto da parceria entre a Gallup e o Centro de Pesquisa de Bem-Estar da Oxford, supervisionado pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o relatório deste ano se concentra em classificar a felicidade das pessoas em diferentes estágios da vida. Essa é a primeira vez que o estudo adota essa abordagem.

Com esses novos enfoques, descobrimos que a Lituânia encabeça a lista de jovens com menos de 30 anos mais felizes do mundo, enquanto a Dinamarca é líder para quem tem 60 anos ou mais. Ao comparar gerações, os nascidos antes de 1965 são, em média, mais felizes do que os nascidos desde 1980. Entre os millennials, a avaliação positiva da própria vida diminui a cada ano de idade, enquanto entre os boomers, a satisfação com a vida aumenta com a idade.

Segundo a pesquisa, na maioria dos países, a satisfação com a vida cai gradualmente desde a infância, passando pela adolescência até a idade adulta. Globalmente, os adolescentes entre 15 e 24 anos relatam maior contentamento do que os adultos de 25 anos ou mais. Mas esta disparidade está diminuindo na Europa e foi recentemente invertida na América do Norte, devido à queda na satisfação com a vida entre os mais jovens.

No Brasil a situação é complexa: o país ocupa a 60ª posição no ranking das pessoas abaixo dos 30 anos de idade, enquanto está em 37º entre a faixa etária acima dos 60. Ou seja, comparada a de outros países, aqui a população de terceira idade é mais feliz. Porém, quando comparamos apenas jovens e idosos brasileiros, percebeu-se que os jovens são mais felizes.

Pensando no público infanto-juvenil, a nível mundial, os jovens entre 15 e 24 anos experimentaram maior satisfação com a vida entre 2006 e 2019 e isso se manteve estável desde então. Porém, analisando recortes regionais, houve variações. O bem-estar da juventude caiu na América do Norte, oeste da Europa, Oriente Médio, Norte da África e Sul da Ásia. No resto do mundo aumentou.

Comparando homens e mulheres em países de alta renda, as meninas relatam menor satisfação com a vida do que os homens por volta dos 12 anos. Essa disparidade entre os gêneros aumenta aos 13 e 15 anos, e a pandemia ampliou essas desigualdades. 

Para idades entre 15 e 24 anos, dados globais não mostram diferenças de gênero de 2006 até 2013. Mas a partir de 2014, as meninas começaram a relatar mais satisfação com a vida do que os meninos, embora a diferença tenha se estreitado após a pandemia – movimento inverso comparado aos mais jovens. Vale ressaltar que a disparidade global de gênero mascara peculiaridades regionais e é mais pronunciada em países de renda mais baixa, sem diferenças observadas em países de rendimento elevado.

No estudo, as classificações se baseiam numa avaliação média de três anos de cada população sobre a sua qualidade de vida. Especialistas interdisciplinares das áreas de Economia, Psicologia, Sociologia, entre outras, tentam explicar as variações entre os países ao longo do tempo, usando fatores como PIB, expectativa de vida, ter com quem contar, sensação de liberdade, generosidade e percepções de corrupção.

Esses fatores ajudam a explicar as diferenças entre os países, enquanto as próprias classificações são baseadas apenas nas respostas que as pessoas dão quando solicitadas a avaliar suas próprias vidas.

Texto: Marcela Braz.

Dois exercícios poderosos de autocompaixão para transformar a autocrítica

Dois exercícios poderosos de autocompaixão para transformar a autocrítica

Ano passado publicamos uma newsletter falando sobre as vantagens de se desenvolver a autocompaixão, uma habilidade que nos permite ter maior autoestima do que autocrítica, bem como maior aceitação de nós mesmos, maior senso de interconectividade com as pessoas e maior estabilidade emocional, entre outros benefícios.

Mas para se aproveitar os frutos dessa prática é preciso… Praticar. Por isso trago dois exercícios importantes do livro “Autocompaixão – Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás”, da pesquisadora americana especialista em autocompaixão Kristin Neff. Eles nos ajudam a recuperar e voltar para nós mesmos a habilidade humana inata de sentirmos compaixão. E, portanto, autocompaixão.


A carta

A primeira parte deste exercício consiste em identificar algo ou uma situação que te cause um sentimento de inadequação, ou insatisfação consigo. Pode ser algo da sua aparência física, um problema no trabalho, ou em algum relacionamento. Pensando nesse exemplo, como você se sente? Identifique quais emoções surgem quando pensa a respeito desse aspecto de si mesmo.

Pronto. Agora pense num amigo imaginário, incondicionalmente amável, aberto, bondoso e compassivo. Imagina que ele possa ver todos os seus pontos fracos e suas fortalezas, incluindo isso que você acabou de pensar. Agora escreva uma carta para si mesmo, a partir da perspectiva desse amigo bondoso. O que ele diria sobre essa sua “falha”, sob a ótica da compaixão ilimitada? O que esse amigo escreveria para te lembrar de que você é apenas humano, assim como todos os outros, que têm pontos fortes e fracos?

Tente trazer na carta um forte senso de aceitação pessoal, bondade e carinho, além de desejos de saúde e felicidade. Guarde-a e a leia após um tempo, deixando que as palavras generosas te toquem de verdade. Isso nos mostra, de maneira prática, como o amor, a conexão e a aceitação estão sempre conosco, dentro de nós. Assim, podemos acessá-los sempre que precisarmos.


As duas cadeiras

Este exercício tem como modelo o diálogo de duas cadeiras estudado pela terapeuta Leslie Greenberg, da abordagem Gestalt. A ideia é sentar-se em cadeiras diferentes para nos ajudar a entrar em contato com diferentes partes de nós, muitas vezes conflitantes.

Primeiro organize três cadeiras vazias, em um arranjo triangular. Depois, pense em uma situação que te provoca uma autocrítica severa. Eleja uma cadeira para representar a voz da sua autocrítica, outra para simbolizar a parte de você que se sente julgada e uma terceira para retratar um observador sábio e compassivo.

Pode parecer um pouco bobo fazer esse exercício, mas funciona. Sentar em cadeiras diferentes e emular um papel específico tem um efeito surpreendente.

Sente-se primeiro na cadeira do autocrítico. Nela, fale sobre o que sua autocrítica está pensando e sentindo em relação à situação escolhida. Um exemplo: “acho ridículo você ficar ansiosa com isso. É só sentar e fazer seu trabalho”. Note as palavras, o tom de voz, a postura e como essa parte de você se sente.

Em seguida, se sente na cadeira do criticado. Entre em contato com quais sentimentos e emoções emergem ao ouvir isso e fale sobre como você se sente, respondendo para o crítico. Algo como: “eu me sinto muito triste e fico com raiva quando você fala assim comigo. É como se nada do que eu fizesse fosse bom o suficiente. E isso me deixa mais ansiosa ainda”. Mais uma vez, observe o tom de voz e a postura corporal desse aspecto seu.

Vá permitindo um diálogo entre essas duas partes, até que cada uma expresse totalmente seu ponto de vista e seja ouvida. Agora ocupe a cadeira do observador compassivo e invoque sua mais profunda sabedoria, preocupação afetiva e compaixão para se dirigir a ambas as partes. O que diz seu eu compassivo para o crítico? Um exemplo, pensando na linha de raciocínio acima, pode ser: “isso parece com como sua mãe falava com você, né? Vejo um grande medo seu de que o trabalho não seja feito e que isso te prejudique”.

E para o criticado? “Deve ser muito difícil ouvir esse tipo de crítica e julgamento todos os dias. É uma voz que te oferece mais um peso do que ajuda. E tudo o que você queria era ser aceita como é e se sentir livre para errar, como todo mundo, e fazer suas atividades da maneira que achar melhor.”

Ouvindo a fala do observador, tente relaxar e se abrir para essas mensagens. Quais palavras compassivas surgem naturalmente? Qual é seu tom de voz e sua postura corporal?

Quando o diálogo terminar, reflita sobre o que aconteceu, quais são seus padrões de funcionamento e quais as novas maneiras de ver a situação podem ser mais produtivas. Estabeleça a intenção de se relacionar consigo de forma mais gentil e saudável. Por debaixo dos velhos hábitos de autocrítica há uma voz que já está lá, e ela é sábia e compassiva. Basta ouvi-la.

Texto: Marcela Braz.