Primeiros passos para construir uma vida mais feliz

Há décadas, a ciência tem se debruçado sobre a felicidade e como podemos ser mais felizes. Então, hoje, podemos colher os frutos de achados científicos de numerosos estudos. Nessa linha, o especialista em felicidade Tal Ben-Shahar compila esse conhecimento, aliado à sua experiência pessoal, e nos fornece um caminho a seguir no livro “Seja mais feliz: Aprenda a ver alegria nas pequenas coisas para uma satisfação permanente”. 

Um dos elementos mais importantes citados pelo autor é entender que a felicidade é a experiência geral de prazer e de significado. E é uma busca para toda a vida, resultado de se engajar em tarefas que tragam benefícios no presente e no futuro. 

Ou seja, para sermos felizes, precisamos equilibrar esses dois aspectos, o de sentir prazer com significado agora, mas também fazer alguns sacrifícios pelo prazer com significado futuro. Por isso, é crucial vermos claramente se nossas escolhas e atividades estão alinhadas com o que nos faz e nos fará felizes. 

Um dos exercícios mais importantes do livro é sobre isso, mapear sua vida e identificar ao que você tem dedicado seu tempo. Depois, criar um mapa para uma vida mais feliz, elencando como gostaria de viver sua jornada e quais hábitos gostaria de adotar.

Mapeando sua vida

Por uma ou duas semanas, tire um momento no final do dia para registrar suas principais atividades diárias. Anote o que fez e quanto tempo gastou com isso. Ao final da semana, compile todas elas, some o tempo gasto e atribua uma nota ao significado e ao prazer que aquela tarefa tem. 

Para isso, você pode adotar uma escala de 1 a 5, sendo 1 atribuído a pouco significado ou prazer, enquanto 5 é uma nota para algo muito significativo e prazeroso. Parece complicado e trabalhoso? Te prometo que não é. E que vale a pena.

Por exemplo, vamos supor que, em uma semana, você passou duas horas com sua família. Isso te dá bastante prazer (nota 4) e é algo extremamente significativo para você (nota 5). Portanto, ao fazer esse mapeamento, você percebe que quer se dedicar muito mais a essa atividade. Então coloque ao lado dela o símbolo “++”. Se for algo a que queira se dedicar mais, mas não tanto, use apenas “+”. O mesmo vale para tarefas que gostaria de fazer menos. Use “-” e “–” para ilustrar como gostaria de reduzir o tempo gasto com essas ações.

Qual é o resultado disso? Você vai ver claramente o que tem priorizado, na prática, bem como o impacto disso na sua satisfação geral. Também visualizará com facilidade quais compromissos gostaria de ter mais em sua agenda. Isso nos dá subsídios para fazermos escolhas mais intencionais e assertivas. 

Espelho da integridade

Agora que você já sabe como vem gastando seu tempo e sua energia, é o momento de fazer uma lista de coisas significativas e prazerosas, que te fazem sentir muito feliz. Ao lado de cada item, indique quanto tempo por semana gostaria de se dedicar a essa atividade. 

Com isso, você pode ver se a maneira como está vivendo é congruente com seus valores e com como gostaria de experienciar seus dias. O autor também nos lembra que o tempo é um recurso finito e limitado. Pensando nisso, precisamos sim renunciar a atividades que são menos importantes em nossa lista: dizer “não” a elas nos permite dizer “sim” às que mais valorizamos.

Vale lembrar que esses exercícios devem ser repetidos regularmente, porque nossos padrões levam tempo para mudar. Tal Ben-Shahar sugere tornar um hábito as atividades em que queremos nos engajar, além de criar zonas livres diárias de alguma coisa “negativa” – como ter um tempo livre de usar o celular, ou participar de reuniões, por exemplo. Isso nos permite nos concentrarmos em outras atividades mais importantes.

Com essas duas reflexões principais, conseguimos ter clareza do que está posto e do que gostaríamos que fosse, em linha com os princípios de uma felicidade verdadeira, a do prazer com significado, hoje e no futuro. E, assim, podemos nos comprometer a fazer os ajustes necessários no nosso dia a dia e dar os primeiros passos em direção a uma vida mais feliz.

Texto: Marcela Braz.