Competências e habilidades para novos cenários profissionais

A transformação de carreiras e profissões sempre aconteceu. Se, por exemplo, em um determinado período da história, a produção de caixas de madeira para rádios e TVs andou a todo vapor, em poucas décadas a demanda por esse tipo de produto se extinguiu. Ou as fábricas dedicadas a isso faliram, ou tiveram de se adaptar.

Embora esse cenário de metamorfoses não seja novo, atualmente essas mudanças acontecem de maneira mais acentuada e acelerada. Segundo o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023, do Fórum Econômico Mundial, espera-se que cerca de 23% dos empregos mudem até 2027, com 69 milhões de novos ofícios criados e 83 milhões dos existentes sendo eliminados. 

Os empregos de crescimento mais rápido são os de especialistas em inteligência artificial e aprendizado de máquina, especialistas em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação. Além disso, o maior crescimento absoluto é esperado nos setores de educação, agricultura e comércio digital.

Para Saadia Zahidi, diretora administrativa do Fórum Econômico Mundial, a transição para os empregos do futuro deve ser feita, entre outras abordagens, por meio da educação. Isso pode ser feito tanto em termos de requalificação e de formação continuada, como pode começar desde a Educação Infantil. 

É possível trabalhar diversas competências desde o período escolar, para preparar crianças e jovens para as futuras profissões. Hoje as habilidades mais importantes são consideradas o pensamento analítico e o pensamento criativo. De acordo com o relatório, elas devem permanecer prioritárias nos próximos cinco anos. 

Das tendências elencadas, a capacitação tecnológica, especificamente em inteligência artificial e big data, se tornará mais importante. E, entre as cinco habilidades mais desejadas pelas empresas, também estão resiliência, flexibilidade, motivação, autoconsciência e curiosidade. Em oitavo lugar no ranking, estão empatia e escuta ativa, relacionadas à capacidade de se trabalhar bem com outras pessoas.

Com relação às pesquisas anteriores, o pensamento criativo está aumentando em importância relativa ao pensamento analítico, à medida que as tarefas no local de trabalho se tornam cada vez mais automatizadas. Isso porque as empresas esperam que a automação do raciocínio e da tomada de decisão aumente em 9% até 2027. 

Todas essas competências são abordadas e trabalhadas na educação socioemocional e fazem parte da Metodologia OPEE há mais de 20 anos. Desde a Educação Infantil, as crianças aprendem sobre sentimentos, valores e a como construir relações. A partir dos anos iniciais do Ensino Fundamental, além de descobrirem a si mesmos e como funciona uma vida financeira saudável, já adentram o universo das profissões e do trabalho.

Com o passar dos anos, vão aprofundando o autoconhecimento, o desenvolvimento da inteligência emocional e o entendimento sobre o mercado e escolhas profissionais. Além disso, o ensino amplia temáticas como empatia, colaboração, cidadania, responsabilidade, respeito, visão ética e outras capacidades fundamentais para qualquer profissão, seja do presente, seja do futuro. 

Texto: Marcela Braz.